Em entrevista ao Medscape, os pesquisadores destacaram que a melhora sustentada que notaram foi um dos pontos que mais chamaram a atenção. Como o benefício foi identificado em um grupo com quadros refratários a tratamentos farmacológicos, a equipe acredita que é possível que a intervenção gere resultados ainda melhores em outras situações.
“Podemos inferir que pacientes com quadros menos graves poderiam obter ganhos ainda maiores. Além disso, esquemas de manutenção de ETCC poderiam manter os benefícios adquiridos por um tempo mais prolongado”, afirmaram os pesquisadores.
Se, por um lado, os benefícios foram bastante pronunciados, os efeitos adversos foram mínimos e passageiros, sendo principalmente hiperemia local, prurido, desconforto leve e cefaleia.
Mas, apesar dos achados promissores, os autores lembraram que eles não podem ser extrapolados para outras populações devido ao tamanho amostral reduzido. “No entanto, os resultados positivos que obtivemos são um incentivo para o seguimento da pesquisa com amostras maiores”, destacou a equipe, lembrando que o fato de ser uma técnica de baixo custo, eficaz, flexível e bem tolerada torna a ETCC uma ferramenta terapêutica promissora para uso nos consultórios médicos brasileiros.
Atualmente, a ETCC já vem se mostrando uma alternativa segura e bem tolerada também em outros contextos. “Estudos têm demonstrado, por exemplo, sua superioridade em relação ao placebo no tratamento do transtorno depressivo maior, doença com alta prevalência e associada a custos elevados (diretos e indiretos)”, apontaram os autores. Resultados positivos também têm sido observados em pacientes com esquizofrenia — especialmente na redução de alucinações auditivas — e em pessoas com transtorno por uso de álcool. Houve outras aplicações bem-sucedidas no tratamento de quadros de dor crônica e migrânea e na reabilitação neurológica.
A despeito dos achados positivos, a técnica ainda é usada predominantemente em protocolos específicos de pesquisa. Segundo os autores, ainda são necessários mais estudos para que a ETCC, de fato, possa ser incorporada à prática clínica. No tratamento do TEPT, por exemplo, lembraram que é preciso investigar mais a fundo aspectos relacionados a efeitos em longo prazo, padronização da área de aplicação e posição dos eletrodos.